quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Caracterização geológica

Relativamente à natureza geológica das formações rochosas litorais que servem de habitat às espécies marinhas mais habitam na zona de transição entre o ambiente aquático e o ambiente terrestre, são compostas essencialmente por arenitos e argilas datadas do jurássico superior (cerca de 150 M.A). As suas arribas características apresentam camadas alternadas de arenitos e argilas de surpreendentes colorações. Associada à natureza rochosa do substrato,
encontram-se elevados níveis de diversidade biológica marinha.




Fonte:" Apanha artesanal de recursos marinhos costeiros no concelho"
Autora: ANA SILVA ( Bióloga marinha)

Caracterização biogeográfica

Toda a costa continental portuguesa se situa na província biogeográfica Lusitana e assim sendo, podemos esperar que exista uma relativa concordância na variedade de espécies marinhas litorais existentes em todo o litoral português.
A zona abrangida pelo concelho da Lourinha, faz parte do gradiente ecológico/biológico que percorre Portugal continental. As espécies marinhas aí existentes, são características de águas mais frias (boreais). Por outro lado as espécies mais próximas do arquipélagos são próprias de aguas mais quentes (sub-tropicais).




Fonte:" Apanha artesanal de recursos marinhos costeiros no concelho"
Autora: ANA SILVA ( Bióloga marinha)

Algumas espécies marinhas da PAB

Navalheira

Designação científica: Necora puber

A navalheira é uma das espécies de crustáceos mais abundantes no litoral abrangido pelo concelho da Lourinhã. Caracterizado por um animal muito rápido, de comportamento agressivo, facilmente identificável pela cor castanho-escuro com manchas e faixas azuladas da carapaça e pela posse de olhos vermelhos.
No que respeita à sua ecologia populacional, o pico de maior abundância para esta espécie corresponde ao período de inverno.
Este tem como habitat refúgios de natureza rochosa, localizados no nível inferior da zona das marés (andar infralitoral). Os indivíduos juvenis podem ser encontrados sob a protecção de pedras soltas ou, em alguns casos, sob os tentáculos da anémona-do-mar “verde” (espécie Anemonia sulcata).






Camarão-branco-legítimo

Designação científica: Palaemon serratus e Palaemon elegans

Atinge um comprimento máximo de cerca de 11 cm.
O seu habitat pode ser muito variável, distribuindo-se desde as pequenas poças criadas pela baixa-mar, até comunidades de algas e refúgios rochosos localizados em níveis inferiores da zona das marés (andar infralitoral) onde atingem maiores dimensões.





Santola

Designação científica: Maja squinado

A carapaça é revestida por numerosos pequenos espinhos e bordejada lateralmente por espinhos maiores. A sua cor varia em regra entre o vermelho e o castanho. Uma das suas características mais importantes não é a sua capacidade de fuga, mas sim a sua capacidade de mimetismo (camuflagem). Na realidade, este animal é geralmente indistinguível do substrato onde se encontra, por apresentar uma cobertura na carapaça de algas em crescimento. Regra geral, habita em níveis inferiores de maré, em povoações de algas, onde se pode camuflar. É de constatar a sua diminuição em número nas praias do concelho. Na praia da Areia Branca já é, infelizmente, inexistente.






Polvo

Designação científica: Octopus vulgaris

O polvo caracteriza-se pela sua natureza curiosa. É relativamente fácil a sua observação, se conseguirmos ultrapassar a barreira visual proveniente da sua extraordinária capacidade de mimetismo face ao meio que o rodeia.
O habitat do povo é despojado de grandes exigências; distribui-se desde a zona das marés até níveis mais profundos. Refugia-se em cavidades rochosas de surpreendentes dimensões, por vezes, também é encontrado em locais muito menores do que o seu tamanho (uma vez que consegue moldar-se e mudar a sua forma muito facilmente, adaptando-se ao meio que se encontra num determinado momento).






Mexilhão

Designação científica: Mytilus galloprovincialis

Crescendo fixos a rochas, os mexilhões juntam-se em grandes comunidades que se distribuem que se distribuem por toda a faixa intertidal e que se podem estender até cerca de 8 metros. Os juvenis encontram-se preferencialmente em locais de mais hidrodinamismo.
A metodologia de apanha pode induzir graves alterações e danos nas comunidades, se não se cingir apenas a uma captura individuo a individuo utilizando a força manual.




Lapa

Designação científica: Patella spp

A sua distribuição abrange um total equivalente à zona entre marés. Estes organismos possuem uma elevada capacidade de fixação à rocha, oferecendo grande resistência à separação do substrato, o que parece ter influência na sua captura, dependendo do tipo de rocha a que se fixam.




Caramujo ou burrié


Designação científica: Monodonta lineata

Os caramujos são pequenos gastrópodes que habitam toda a extensão da zona das marés. A sua concha pode atingir 3cm de altura. Nesta zona litoral,a abundância de indivíduos de tamanho razoável é escassa, não sendo por isso uma das espécies alvo preferenciais por apanhadores artesanais.






Caboz ou marachomba

Designação científica: Famílias Blenniidae e Gobiidae

O caboz, habita nas poças deixadas pela baixa-mar, este pequeno animal representa uma das espécies mais comuns que povoam a zona de marés. Alimentando-se de pequenos crustáceos (cracas) e mexilhão, pode atingir o tamanho máximo de cerca de 16 cm.




Ouriço-do-mar

Designação científica: Paracentrotus lividus

O ouriço-do-mar pode apresentar diversas colorações, desde o violeta, verde, branco, até ao castanho. É um animal de fortes características gragárias, vivendo em cavidades escavadas na rocha na zona de maré ou em volta de rochas em maior profundidade. Devido a esta ultima característica, esta espécie-alvo é capturada sobretudo no período de maré viva, quando a maré baixa o suficiente para que se tenha acesso aos indivíduos de maiores dimensões que se encontram em maiores profundidades.
O seu período de desova é em Março.



Limo de seda

Designação científica: Gelidium sesquipedale

Talo constituído por ramos estreitos e achatados, que apresentam ramos secundários, geralmente opostos, que por seu turno são portadores de râmulos, simples ou penados. Cerca de 30 cm de altura. Alga Infralitoral, formando fáceis muito extensas e densas.
Esta espécie de alga vermelha usufruiu no passado de grande importância económica, tendo sido activamente procurada nesta zona devido à sua elevada abundância. Dela se extrai o ágar-ágar, substância utilizada em preparações bacteriológicas, na indústria e em aplicações farmacêuticas. Apesar de colhida em grandes quantidades por mergulhadores profissionais, é ainda procurada pelas gentes locais para aplicação medicinal.





Limo-de-correia

Designação científica: Saccorhiza polyschides


Designada no concelho da Lourinhã por limo-de-correia, esta alga castanha consegue encontrar neste ambiente litoral condições vantajosas para o seu desenvolvimento, crescendo em extensas frondes.
Esta mais valia foi sobretudo explorada no passado tendo os agricultores das localidades à beira mar deste concelho utilizado esta alga em conjunto com outras para a fertilização dos campos agrícolas.
Actualmente, o limo-de-correia apresenta ciclos anuais de abundância, existindo anos mais propícios para o seu desenvolvimento do que outros.



Estrela-do-mar

Designação científica: Marthasterias glacialis

Vivem em águas costeiras, umas sobre as superfícies rochosas, outras enterradas na areia.
O corpo é duro e rígido, devido ao seu esqueleto interno, mas, no entanto, pode ser quebrado em diversas partes quanto tratado violentamente. Mesmo assim, este animal consegue dobrar-se e deslocar os braços para se mover para passear, ou quando o seu corpo se encontra em espaços irregulares entre rochas.
Estes animais, de aspecto tão tranquilo, são predadores eficazes, alimentando-se de todo o tipo de invertebrados, com particular destaque para os bivalves! Envolve-os com os seus braços, fixando-se através dos pés ambulacrários para forçar a abertura da concha. Em seguida introduz o seu estômago no corpo da vítima, que então é facilmente devorada.






Vinagreira-negra

Designação científica: Aplysia fasciata

Alimenta-se de qualquer tipo de algas (vermelhas, verdes, pardas ....). Per-corre o fundo lentamente para se ir alimentando.
É uma espécie herbívora.
Encontramo-la em águas superficiais, até uns 25 metros de profundidade. De dia esconde-se nas frestas das rochas, saindo à noite em busca de alimento.
Está presente em toda a costa Mediterrânea e do Atlântico Oriental.


As vinagreiras são moluscos muito semelhantes em aparência às lesmas. Possuem, no entanto, uma concha que está coberta pelo manto;

• O nome comum deriva do líquido de cor púrpura que deitam por vezes quando molestadas (como “vinagre tinto”);

• Se se sente molestada desprende uma substância branca e violeta, com que afugenta os seus inimigos, não é venenoso;

• É a única lebre de mar que pode nadar bem, graças aos movimentos on-dulantes dos seus parapódios;

• Durante a Primavera podem observar-se os animais adultos por ser esta a altura do acasalamento. Os jovens aparecem em finais do Verão até ao Outono.




Anémonas

Designação científica: Anemonia sulcata

Esta anémona é muito vulgar nos locais mais abrigados da zona-de-marés. Ao contrário de outras anémonas, não consegue recolher os seus longos tentáculos. Por isso, para minimizar as perdas de água durante a maré-baixa, reduz a superfície corporal exposta. Vive em simbiose com algas verdes (que lhe conferem a coloração típica), pelo que povoa locais junto à superfície e bem iluminados. Para além de obter substâncias nutritivas produzidas pelas algas que vivem no seu corpo, alimenta-se de pequenos peixes e crustáceos.





Morango-do-mar

O morango-do-mar ocorre em duas variedades, uma vermelha e outra verde. Possui uma coroa com cerca de 200 tentáculos e uma coluna, cuja base adesiva, apresenta um bordo azul. É muito territorial, atacando com os seus tentáculos, cobertos de células urticantes, todos os intrusos que ousam aproximar-se. Ocorre em costas rochosas, desde a zona limite das marés, até aos cerca de 2 m de profundidade. Possui uma grande tolerância à dissecação, permanecendo, se necessário, longas horas com os tentáculos recolhidos. A fecundação pode ser externa ou interna, dando-se o desenvolvimento da larva, neste caso, no interior da cavidade gastrovascular. Alimenta-se de pequenos peixes, crustáceos e moluscos.



Fonte:" Apanha artesanal de recursos marinhos costeiros no concelho"
Autora: ANA SILVA ( Bióloga marinha)

The end of the line

Do mar às prateleiras

A pesca de arrasto destroi o fundo do mar

Oceano do País das Maravilhas

No fundo da linha - Greenpeace



Degradação dos ecossistemas marinhos



Os ecossistemas marinhos são riquíssimos e diversificados, funcionando como fonte de alimento e de sustento para milhares de pessoas em todo o mundo.
Um dos principais problemas que atingem os ecossistemas próximos do litoral é precisamente a concentração populacional. No caso dos corais (seres frágeis e belos, próprios de águas tropicais pouco profundas e com pouco hidrodinâmico, encontrando-se uma enorme variedade de espécies marinhas à superfície, onde abunda mais oxigénio) a sua destruição é provocada pela exploração de mergulhadores e turistas que retiram material para vender ou coleccionar, mas principalmente pela poluição das águas dos próprios oceanos. Outro fenómeno recente é o branqueamento dos corais, que é atribuído a um aumento de temperatura da água provocada pelo aquecimento global.
Mais de 80% da poluição oceânica vem do continente, trazida pelos rios, chuvas e ventos. Entre os principais poluente, estão: agrotóxicos utilizados em plantações, plásticos, latas , metais, madeiras, resíduos industriais como metais pesados( chumbo, mercúrio, cobre, estanho)esgotos laçados sem tratamento.
Mas também existe uma elevada contaminação devido às actividades humanas no mar: óleo e petróleo derramados devido a acidentes com navios-tanque, lixo radioactivo depositado por alguns países no fundo do mar e materiais de pesca.
Muitos desses poluentes trazem consequências devastadoras e irreversíveis para as cadeias alimentares. Peixes e outros animais ficam contaminados com pesticidas e resíduos industriais, transmitido para os animais de um nível trófico superior na cadeia alimentar, uma vez que o homem de encontra no topo da cadeia alimentar, este também acaba por ser contaminado, uma contaminação que é
Irreversível, já que os metais pesados não são eliminados do nosso organismo.

Evolução da qualidade da água



Pode constatar-se uma evolução positiva da qualidade das águas balneares nacionais, tendo-se verificado um esforço, significativo, no sentido de garantir o cumprimento da frequência estipulada, dado ter sido muitas vezes este aspecto o responsável pela não conformidade.

____________________________________________________________________________________





Por outro lado, a melhoria da qualidade da água das praias que desde 1993 se tem vindo a verificar deveu-se também, ao controle das fontes de poluição existentes nas áreas de influência, dados os avultados investimentos a nível de implementação de infra-estruturas de tratamento de águas residuais e uma
gestão equilibrada a nível do ordenamento com a entrada em vigor dos Planos de Ordenamento da Orla Costeira (POOC).

Qualidade da água nas zonas costeiras portuguesas

1- Introdução

A costa portuguesa estende-se por muitos quilómetros, contando com vastos areais e belas paisagens que combinados com o clima mediterrânico tornam as praias portuguesas locais irresistíveis, onde os banhos de mar constituem uma actividade recreativa muito praticada. O mesmo acontece em algumas zonas balneares interiores.
A qualidade das águas balneares representa assim, não só um factor de saúde, como também um importante indicador de qualidade ambiental e desenvolvimento turístico.

O critério de avaliação da conformidade classifica as zonas balneares em 5 grupos:





A classificação obtida através da aplicação da directiva é ainda usada no processo de candidatura ao galardão Bandeira Azul Europeia. Esta atribuição indica a excelente qualidade ambiental de uma zona balnear e promove turisticamente o concelho onde está inserida.

zonas costeiras

1. Enquadramento

O suporte biofísico da Zona Costeira portuguesa
tem especificidades próprias de que são exemplos os
estuários, os sistemas lagunares, as dunas, as arribas,
as praias, o meio hídrico marinho e os sistemas
insulares. Noutros países, os mangais, os recifes, as
calotes de gelo constituem outros suportes biofísicos
de importância considerável.
Existem ocupações, usos e actividades económicas
muito importantes à escala nacional e local que se
desenvolvem na Zona Costeira e que beneficiam
dessas especificidades biofísicas. Destacam-se as
infra-estruturas portuárias e os transportes marítimos,
o turismo e as actividades balneares e de lazer, a
náutica de recreio, as pescas, a apanha, a aquacultura
e a salicultura, bem como a utilização de recursos
minerais e energéticos.
A Zona Costeira tem uma importância estratégica
em termos ambientais, económicos e sociais. A
resolução e mitigação dos seus problemas assume
essa mesma importância estratégica no âmbito de uma
política de desenvolvimento sustentável, necessitando
de ser enquadrada numa gestão integrada e
coordenada destas áreas.



2. Conceito de Zona Costeira

Tendo em consideração a utilização, de modo
indiferenciado, das designações de “litoral, costa, faixa
costeira, faixa litoral, orla costeira, zona costeira, zona
litoral, área/região costeira”, sem existência de um
consenso quanto aos limites físicos dos seus sistemas
naturais, dos sistemas socioeconómicos e do sistema
legal, o Grupo de Trabalho que elaborou as “Bases
para a Estratégia da Gestão Integrada das Zonas
Costeiras “ adoptou os seguintes conceitos:

Litoral – termo geral que descreve porções do território
que são influenciadas directa e indirectamente pela
proximidade do mar;

Zona costeira – porção de território influenciada directa
e indirectamente em termos biofísicos pelo mar (ondas,
marés, ventos, salinidade) e que pode ter para
o lado de terra largura tipicamente de ordem
quilométrica e se estende, do lado do mar, até ao limite
da plataforma continental;

Orla costeira – porção do território onde o mar exerce
directamente a sua acção, coadjuvado pela acção eólica,
e que tipicamente se estende para o lado de terra por
centenas de metros e se estende, do lado do mar, até à
batimétrica dos 30 m (englobando a profundidade de
fecho);

Linha de costa – fronteira entre a terra e o mar;
materializada pela intercepção do nível médio do mar
com a zona terrestre.


Fazem parte das zonas costeiras os seguintes locais:

o praias

o dunas litorais, primárias e secundárias

o arribas ou falésias e faixas de protecção

o faixa de protecção da zona litoral (quando não existem dunas, nem arribas)

o faixa limitada pela linha da máxima preia-mar de águas vivas equinociais e a batimérica dos 30m

o estuários, lagunas, lagoas costeiras e zonas húmidas, englobando uma faixa de protecção

o ilhas, ilhéus e rochedos emersos do mar

o sapais

o restingas

o tombolos


3. Alguns Problemas Chave

3.1. Dinâmica Fisiográfica e Erosões


Nas faixas de baixa altitude e sem protecções
naturais rochosas da Zona Costeira continental do
território português existe uma situação generalizada
de regressão ou recuo da “linha de costa”, verificando-se
o agravamento dos fenómenos de erosão e a sua
expansão para troços outrora não afectados (migração
de praias para o interior, enfraquecimentos dos
volumes acumulados nas praias e dunas).
As planícies costeiras baixas e arenosas com
edificações são particularmente susceptíveis aos
temporais (ocorrência simultânea de agitação marítima
elevada, marés vivas e sobre elevação do nível do
mar de origem meteorológica) e o saldo sedimentar
anual é, na generalidade dos casos, negativo.
A previsão de recuos em anos horizonte de
projecto, terá de ser encarada com muitos cuidados
face à complexidade dos fenómenos físicos
envolvidos, à capacidade de intervenção humana
acelerando ou travando evoluções, ou à possibilidade
de se atingirem limiares não controláveis ou não
previsíveis face ao actual estado de conhecimentos.
A uma escala geológica, as possíveis causas da
regressão generalizada associam-se à subida
generalizada do nível médio das águas do mar, a
movimentos de neo-tectónica e a possíveis alterações
meteorológicas. A variabilidade meteorológica está
sempre presente e deverá ser considerada a escalas
de tempo muito diversificadas.
As causas mais recentes são associáveis ao
enfraquecimento das fontes aluvionares (alterações a
nível das bacias hidrográficas, albufeiras e barragens,
extracções de areias nos rios e estuários, e dragagens
nos canais de navegação), à ocupação humana (sobre
dunas, praias e arribas), à construção de quebramares
portuários, à implantação de esporões e de obras
aderentes e à fragilização de dunas.


3.2. Vulnerabilidades e Riscos

É vital o reconhecimento de que situações naturais
altamente dinâmicas em zonas vulneráveis às acções
do mar que no passado não suscitavam qualquer
intervenção (nem existiam meios técnicos para o
fazer) são actualmente contrariadas pelo tipo de
ocupação do solo (construções em restingas, dunas,
praias) e pelos usos (exploração portuária) que
actualmente se verificam nessas zonas.
Os riscos para as populações e actividades
humanas na Zona Costeira portuguesa estão também
associados a desabamentos e deslizamentos de terra
nas arribas. Estes fenómenos são particularmente
críticos em grandes extensões das costas insulares
portuguesas.
Existe a possibilidade de ocorrência de maremotos
com efeitos potencialmente devastadores
particularmente nas zonas de baixa altitude. São
fenómenos raros e actualmente não previsíveis. A sua
eventual ocorrência durante o dia e na época balnear
teria as consequências mais graves a nível de perda
de vidas.
As alterações climáticas a uma escala global
previsivelmente conduzirão a um agravamento da
ocorrência de fenómenos extremos e dos fenómenos
de recuo da linha de costa em curso, com
consequências ao nível do ordenamento, das
intervenções de defesa (quando se justifique) e da
contingência.
As estruturas de defesa costeira transferem ou
antecipam os problemas para sotamar, exigem
manutenção periódica que não é efectuada por razões
financeiras, constituem intrusões paisagísticas e
podem transmitir uma falsa sensação de estabilidade
a longo prazo que encoraja a ocupação em zonas de
risco.
Continua a existir uma polémica quanto à
responsabilidade dos esporões e obras aderentes no
agravamento das erosões na Orla Costeira, a Sul da
sua implantação, bem como à artificialização que
introduzem na paisagem. A necessidade de defesa
dos núcleos urbanos mais expostos e a estabilização
da linha de costa têm sido os principais argumentos
a favor dessas obras.
Difícil será prever com fiabilidade qual seria a
situação actual desses núcleos populacionais e quais
as evoluções dinâmicas em toda a faixa costeira se
não tivessem sido executadas essas estruturas de
defesa. Estão em curso diversos fenómenos
hidromorfológicos, com diversas intensidades,
frequências e escalas temporais, e uma ocupação
humana de zonas muito dinâmicas. A atribuição de
grandes responsabilidades às estruturas de defesa
costeira pelo que sucede actualmente em termos de
erosão ignora essa realidade complexa e não tem sido
acompanhada pela previsão, cientificamente
sustentada, de qual seria a evolução morfodinâmica
da costa na ausência dessas estruturas.
Em diversas situações o recuo da “linha de costa”
verifica-se a barlamar e a sotamar das intervenções
de defesa nas zonas urbanas, significando que o
fenómeno tem uma amplitude preocupante e de difícil
controlo. Só melhorando as capacidades de simulação
para diversos cenários, será possível “isolar” os
impactes negativos associadas às estruturas de defesa.
Diversas frentes urbanas edificadas não existiriam
actualmente se essas obras não tivessem sido
construídas ou se tivessem sido removidas. A sua
eventual remoção ou destruição pelo mar teria
intensos reflexos sociais e políticos. As estruturas de
defesa costeira (esporões e obras de defesa aderente)
necessitam de manutenções periódicas, a levar a cabo
preventivamente e por grupos de obras, face à
dificuldade em estimar, obra a obra, os montantes
das intervenções. A não realização de operações de
manutenção, a enquadrar num regime jurídico realista
para esta situação, implica o agravamento progressivo
da sua situação estrutural que pode levar à sua
destruição ou ao seu não funcionamento.
Em ambientes marítimos muito energéticos, como
é o caso da costa oeste portuguesa, as operações de
alimentação artificial de praias podem ser
completamente ineficazes se não forem realizadas em
situações de contenção natural ou artificial da deriva
da zona costeira, exigem recargas periódicas e têm
impactes negativos locais a nível de turvação e balnear.


3.3. Atenuação de Acções Antrópicas e de
Riscos


Não é admissível que se continue a proceder à
extracção de areias para a construção civil,
nomeadamente nos rios e estuários, sem ter em
consideração os impactos sobre a Zona Costeira. As
dragagens de areias nos portos e nos canais de
navegação por razões de segurança e operacionalidade
terão de proceder à reposição total ou parcial dos
sedimentos no sistema dinâmico a sotamar.
Por razões ambientais e de defesa costeira, a
conservação, reconstrução e estabilização das dunas,
a sua protecção em relação às construções,
bem como o seu repovoamento vegetal, são
acções que podem e devem ser incentivadas e
concretizadas pela administração regional, pelas
autarquias e por grupos ambientais.
Foram efectuadas e são actualmente visíveis
numerosas intervenções, através do fecho de acessos
sobre as dunas, passadiços elevados ou pousados,
ripados, povoamento e protecção da vegetação. As
Comissões de Coordenação e Desenvolvimento
Regional, em colaboração com as autarquias,
efectuaram trabalhos de mérito, os quais devem
prosseguir em todos os sistemas dunares portugueses.
Existem dificuldades em reunir condições socioeconómicas
para proceder às intervenções e às
retiradas planeadas de populações em risco, previstas
nos Planos de Ordenamento da Orla Costeira(POOC),
nomeadamente nos aglomerados de S. Bartolomeu
do Mar, Pedrinhas, Cedovém, Paramos, Esmoriz,
Cortegaça, Cova do Vapor e Ilha de Faro.
Foram elaboradas, para a Zona Costeira nacional,
cartas preliminares de vulnerabilidade às acções
directas e indirectas do mar sobre a Zona Costeira
(incorrectamente denominadas “cartas de risco” do
INAG).
Diversas metodologias e modelos estão a ser
desenvolvidos, relacionados com vulnerabilidades e
riscos. É importante melhorar os fundamentos
científicos dessas metodologias e modelos, adquirir
e integrar mais dados de campo e considerar diversos
cenários climáticos, meteorológicos e de intervenções
antropogénicas, de forma a elaborar previsões a médio
e longo prazo essenciais para o ordenamento.
A elaboração de uma nova geração de cartas de
vulnerabilidade e risco, de delimitação de zonas
vulneráveis a acontecimentos extremos e de evolução
da dinâmica costeira, exige um grande esforço e
consenso da comunidade científica. Constitui um
desafio a médio prazo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Poemas da Praia da Areia Branca

Na P.da Areia Branca, há uma certeza
Que aceito e preservo por vontade,
Se parto levo sempre uma tristeza,
Se volto trago sempre uma saudade,

Bom dia Areia branca, como és sorridente,
Minha praia de água e ondas amenas,
Por quem meu coração num sopro
Em teu areal inspirei meus poemas

Bom dia Areia Branca, teu mar é bonito.
De azul vestido da cabeça aos pés,
O azul do atlântico como infinito
Lindo o teu azul de marés

Bom dia Areia Branca, a alma extasia,
Quando me embalas na maré cheia,
Vou a Portugal lembrar-te em poesia
Minha linda praia de branca areia!






Praia da Areia, que és tão branca,
Tão branca como o som deste silêncio,
Tão branca como a alma de uma santa.
É nesta praia que eu sonho é invento

Odes ao luar, à Primavera
Quando cá do alto te contemplo,
Sentindo que o tempo não espera
E a vida se esvai…E já é tempo.

É tempo de deixar-te praia linda,
Levando em meus olhos teu retrato
E aspirando o ar salgado que ainda
Me faz lembrar as praias do passado,
Quando corria por elas em menina
E de mãos dadas com o vento, então gritava:
- Que lindo és Oh! Mar!
“Oh! Mar salgado!”

autora: Margarida Pelágio

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Praia da Areia Branca

por Rui Pedro Antunes 04 Agosto 2009

Um mar azul faz uma simbiose perfeita com uma areia fina. Uma areia branca, que de tão branca que é, baptizou a praia. Ao primeiro olhar, parece uma praia portuguesa como qualquer outra, mas lá no alto da colina impõe-se a vigilante Pousada da Juventude, que acaba por estar em sintonia com a praia, muito frequentada por jovens surfistas e bodyboarders.
As pranchas, os penteados moldados com gel e os fatos mergulhador denunciam que esta zona é um bom 'spot' para o surf. Porém, é também indicada para o simples lazer, com um excelente areal e uma temperatura média da água que oscila entre os 17º e os 20º no Verão. Tal como o Rio Grande, muitos dos habitantes da Lourinhã (a freguesia onde se encontra a praia) desaguam neste areal no Verão, bem como gente de todo o País.
Além das comodidades certificadas pela bandeira Azul, os banhistas podem ainda fazer longas caminhadas, pois há vários percursos de orientação demarcados nas redondezas. O Parque de Campismo é outra alternativa de alojamento a quem quiser aproveitar esta praia da região Oeste

Objectivos do trabalho

Eu, aluna Dora Alexandra Mateus Carolo da turma do 12ºB de ciências e tecnologias da escola secundária da Lourinhã, escolhi o tema "Protecção da Praia da Areia Branca", uma vez que a zona em que vivo (concelho da Lourinhã) tem uma vasta costa marítima, infelizmente ameaçada por diversos factores naturais e humanos, encontrando-se de momento num elevado estado de degradação.
O facto de viver perto do mar e de observar todos os dias o elevado estado de degradação em que a praia em estudo se encontra, suscitou em mim uma enorme vontade de ter um papel activo na protecção das zonas costeiras e em especial desta praia (onde se encontram as mais bonitas e felizes memórias da minha vida) e na educação das pessoas. Sendo assim os meus objectivos são os seguintes:

- Interferir e ter um papel activo na protecção de zonas costeiras (Praia da Areia Branca);

- Sensibilizar e educar as pessoas para o problema, de forma a proteger o ambiente mas também as pessoas;

- Informar a população e reforçar o conhecimento do problema existente no local em estudo;

- Colaborar com algumas instituições.

Para atingir os principais objectivos com sucesso, pensei em continuar a colaborar com instituições como: o museu da Lourinhã, Greenpeace – Portugal, Quercus, Lourambi, INAG, Escola superior de Tecnologias do mar (IPL), câmara municipal da Lourinhã, instituto da conservação da natureza e empresas locais que utilizam o mar e a praia como recurso (escolas de surf, lojas de surf, cafés).